potencial não significa muita coisa quando não cabe no orçamento.
Como se o universo sussurrasse sonhos em meus ouvidos, apenas para retirá-los quando comecei a acreditar que eram meus.
Havia coisas que eu queria me tornar. Eu só queria ser algo mais do que eu tinha. Mas sonhos custam dinheiro. Você começa jovem, pensando que o mundo é vasto e esperançoso. Foi aí que percebi que até a esperança tem um preço.
Eu costumava acreditar que tinha um propósito maior. Não de uma forma arrogante, mas com aquela crença silenciosa e dolorosa — aquela confiança suave de que talvez eu tivesse um propósito maior para fazer algo bonito com a minha vida.
Você começa a ajustar seus sonhos. Então, você ajusta seus sonhos ajustados. Até que o que resta é algo pequeno o suficiente para carregar sem culpa.
Às vezes, olho para mim mesmo e me pergunto o que a versão mais jovem de mim pensaria. Será que ela ficaria orgulhosa da forma como sobrevivi? Ou lamentaria tudo o que nunca conseguimos ser?
Talvez ambos.
Porque há força em sobreviver, sim — mas também há tristeza em saber que sobreviver era tudo o que me era permitido fazer.
Não sei se algum dia terei a vida que sonhei. Não sei se algum dia pararei de carregar o peso dos "e se". Mas ainda estou aqui. Ainda me movendo. Ainda criando algo com os fragmentos que me foram dados.
E talvez, de certa forma, isso ainda seja alguma coisa.
Não o sonho. Mas uma vida, pelo menos.
E talvez isso seja suficiente. Ou talvez nunca seja.
Ainda estou tentando descobrir.